terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Por que um doutorado sanduíche?

A pergunta e a resposta parecem óbvias demais, mas formulá-la e respondê-la evitará uma série de equívocos àqueles que pretendem desenvolver suas atividades acadêmicas no exterior por um determinado período, mais ainda, evita desgastes, gastos e poupa tempo (próprio e dos outros). O que pretendo é instigar o estudante a ter certeza do que realmente quer, sem hesitações, pois antes de iniciar esta jornada é preciso que haja convicção de que é isto que efetivamente se deseja. Então, o primeiro passo é encontrar a resposta de “por que realizar um estágio no exterior (sanduíche)”, e cada um tem a sua própria e íntima, e nela será possível encontrar a motivação para tal empreita, fazendo desta a razão de ser da jornada.

Mas o que é um doutorado sanduíche? Tecnicamente é o nome dado ao programa de doutorado que é parcialmente realizado em outra instituição brasileira ou estrangeira, além daquela em que o estudante esteja matriculado. Tanto a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) quanto o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) oferecem bolsas de doutorado sanduíche para alunos interessados em realizar estágios de pesquisa de doutorado em outro programa. Na verdade é complementação dos estudos de doutorado em outra universidade, em geral no exterior, por um período mínimo de 4 meses e máximo de 12 meses.

A maior oferta é da CAPES, onde o programa vigente é o PDSE (Programa Institucional de Bolsas de Doutorado Sanduíche no Exterior) que tem por objetivo “qualificar recursos humanos de alto nível por meio da concessão de cotas de bolsas de doutorado sanduíche às Instituições de Ensino Superior brasileiras (IES) que possuam curso de doutorado com nota igual ou superior a 3 obtida na última Avaliação Trienal”. Entretanto há outros diversos editais, tais como as bolsas oferecidas pela Fulbright, Alban, Daad, entre outras tantas, basta ter interesse e procurar, pois há muitas instituições interessadas em apoiar especialmente estudantes de países emergentes como Brasil. Em outras palavras, o interesse deve partir sempre do estudante, não adiantar esperar com as mãos abertas por um edital que cairá do céu ou por alguém que um dia bata à porta oferecendo uma bolsa de estudos; isto definitivamente não vai acontecer, e não adianta reclamar que é por falta de oportunidade ou que isto é para poucos, porque não é, esta desculpa eu não aceito, "pois nunca na história deste país" houve tantas bolsas à disposição, tratando-se de um ciclo único, portanto a hora é agora.

A seleção para um doutorado sanduíche começa já na seleção para ingresso no doutorado, embora não oficial e não explícito, é ali que a banca identificará os futuros candidatos a uma bolsa, seja via balcão (PDSE), seja pelos próprios projetos de intercâmbio específicos do programa de pós-graduação. Nesta etapa pressupõe-se que o candidato no mínimo domine bem o inglês (o que abre portas para uma série países), o que infelizmente não é o caso, pois a maioria esmagadora tem um domínio apenas superficial e não profundo do idioma, assim este é o primeiro trunfo para quem deseja um estágio exterior, O DOMÍNIO EFETIVO DE UM SEGUNDO IDIOMA, de preferência ligado ao país em que deseja estagiar, pode ser francês, espanhol, alemão, italiano, russo, mandarim, etc, mas de uma coisa pode-se ter certeza, em todo lugar do mundo, sem dominar o idioma inglês o estudante estará praticamente ISOLADO academicamente. 

Defina isto antes de embarcar nesta empreita, saiba o porquê, para quê, para onde, de que forma, com o quê (fontes) e com quem se for o caso, mas defina, trace uma meta já ao ingressar no programa de pós-graduação, não deixando para depois definições importantes, nem deixando para os últimos meses a proficiência no idioma requerido, pois pode até ser que seja aprovado, mas o aproveitamento não será o mesmo.