segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Aprendendo Inglês em Wageningen


Uma das características básicas do sistema de educação holandês é que o estudo de inglês faz parte do currículo desde as etapas iniciais do aprendizado infantil, o que o proporciona a quase todos a fluência no idioma (basicamente o inglês britânico). Assim todo mundo fala inglês na Holanda (com algumas poucas exceções), mas com diferentes níveis de conhecimento do idioma, em geral sendo usuários independentes (B1 e B2 no sistema de avaliação europeu) e os mais academicamente instruídos proficientes (C1 e C2). Inicialmente é preciso esclarecer sobre o Quadro Comum de Europeu de Referência de Linguagem que na Universidade de Wageningen é medido pelo Oxford Online Placement Test (OOPT), resumidamente apresentando a seguinte pontuação e descrição: 

A1
Usuário básico, OOPT = 01 - 20
A2
Usuário básico, OOPT = 20 - 40
B1
Usuário Intermediário, OOPT = 40 - 60
B2
Usuário Intermediário, OOPT = 60 - 80
C1
Usuário Proficiente, OOPT = 80 - 100
C2
Usuário Proficiente, OOPT = 100 - 120

Mas e ao estudante ou visitante que chega à Wagenigen e quer aprender ou melhorar o inglês, quais são as opções? Bom, estamos falando de uma cidade do interior da Holanda, que por mais que seja uma cidade universitária apresenta deficiências no acesso a serviços, em especial às escolas de idiomas. Assim é preciso garimpar os cursos adequados ao que cada um precisa, de acordo com necessidades individuais. Façamos então uma avaliação das principais opções disponíveis. 

A primeira delas é oferecida pela própria Universidade de Wageningen por meio do Language Service, que oferece desde o Inglês I ao Inglês IV, onde ao final espera-se que estudante atinja o nível B2. A partir daí há os cursos de redação científica específicos para estudantes de doutorado, onde requer-se no mínino uma pontuação de 70 pontos no OOPT para ingresso (B2). Para fins curiosidade, fiz o OOPT e minha pontuação é 81 (C1), assim me matriculei naquele curso para fins de preparação para redigir adequadamente a tese em inglês. Os cursos são caros para quem é de fora da universidade, a partir de 480 euros, mas acessíveis para os acadêmicos e funcionários a partir de 90 euros. Estudantes de doutorado brasileiros e chineses tem muitas vezes o privilégio de terem estes cursos bancados pelo próprio grupo a que estão associados. 

A segunda opção é a De Volksuniversiteit Wageningen (Universidade Aberta de Wageningen), uma instituição que oferece cursos de inglês a preços mais baixos, a partir de 199 euros por semestre, mais o livro de estudos que custa 35 euros. É interessante observar que os cursos sempre começam em setembro e terminam em abril ou maio, conforme calendário padrão europeu. 

Como terceira opção apresento o Student Plus, que na verdade é um método com tutoria oferecido em diversas cidades do interior da Holanda. Não vou nem posso avalia-lo, mas foi uma indicação de uma colega holandesa. Pela apresentação do site e serviços oferecidos parece uma boa opção, já em relação aos preços me parece que cada negociação deve ser individual e de acordo com as necessidades do estudante. 

A quarta opção considero adequada para quem está engatinhando no inglês pois o curso é para iniciantes que tenham uma certa noção de inglês. O IxESN - Internation Exchange Erasmus Student Network (Rede Internacional de intercâmbio estudantil Erasmus) oferece cursos ministrados por estudantes falantes de inglês nativo (em geral dos Estados Unidos da América) a um valor simbólico de 12 euros. O curso é bom? Para iniciantes sim, especialmente porque haverá contato direto com falantes nativos, sem falar que as aulas são práticas e movem o estudante a se expressar em situações cotidianas.

Por quinto e último deixo as opções para aulas particulares, que podem ser muitas, mas é preciso procurar bem e ver as qualificações dos professores bem como avaliações dos estudantes. Pretendo não citar nomes, mas onde procurar, e neste sentido o melhor portal da Holanda é o Marktplaats, que é todo em holandês mas pode-se usar o Google Chrome que traduz a página inteira para o português. Também há o Speurders, que é um portal que tem de tudo, basta então perquisar encontrar as melhores avaliações. Indico também a intranet da Universidade de Wageningen, porém acessível apenas a quem tem o login, mas lá dá para encontrar ofertas dos próprios estudantes nativos que ministram aulas particulares. Em geral são cobrados 15 euros por hora/aula, mas há logicamente profissionais que cobram bem mais, assim vale a pena pesquisar e ver o que vale mais a pena, pois o importante é não ficar parado. Mas um nome em particular merece ser citado, Ward Cordes, professor de minha esposa, um nativo americano que leciona inglês em Wageningen ao preço de 17 euros por hora/aula. Considero o Ward o melhor custo benefício para aulas particulares dada sua didática que remete ao aluno a destravar o inglês em poucas aulas (email: wardc@chello.nl).

Para quem não é proficiente em inglês e vai ficar na Holanda por um curto período, não vejo vantagens em aprender o Holandês, creio que é melhor focar no aprendizado de inglês e aparar as “arestas” rumo à fluência, senão corre-se o risco de não aprender nem um nem o outro. Logicamente aprender algumas palavras básicas em Dutch não matam ninguém, a não ser o holandês que estiver ouvindo. Assim, tot ziens!



sábado, 20 de agosto de 2011

A estrutura acadêmica da Universidade de Wageningen (WUR)

A estrutura acadêmica da Universidade de Wageningen (WUR) segue o mesmo padrão brasileiro, graduação, mestrado e doutorado, entretanto para estes último há uma distinção vital que influencia diretamente na forma como são tratados e demandados pela universidade. A principal diferença é que, não somente na WUR, mas em toda Holanda, o doutorando é considerado um employee, integrando uma carreira como se fosse um pesquisador júnior, recebendo por isso um salário inicial de 1500 euros, podendo chegar a 2500 euros ao final do doutoramento (4 anos em média). Eis que então não é apenas uma relação estudantil para com a universidade, é mais do que isto, trata-se de um verdadeiro contrato de trabalho com deveres e obrigações, com o postulante a PhD integrando a equipe de pesquisadores e professores do grupo que estiver associado, tendo inclusive voz nas reuniões do grupo. 

Antes de ir adiante, é preciso compreender as diversas categorias de PhD Candidates, que é um conceito diferente em relação ao PhD Student. O primeiro é o Research Assistent (Pesquisador Assistente), que nada mais é do que um trainee empregado pela universidade, preparado para suprir as necessidades funcionais da própria universidade e que ao final será titulado PhD, seu contrato é indeterminado. O segundo é o Sandwich PhD (doutorando sanduíche), que é o estudante que inicia seus estudos na WUR, complementa seus estudos e pesquisa em outra universidade, mas recebe o título pela WUR, podendo ser financiado pela própria universidade ou por terceiros. O terceiro é o Staff PhD (doutorando), que tem um contrato temporário objetivando apenas o cumprimento do período de quatro anos do doutorado. O quarto é o Guest PhD Employee (doutorando convidado), que é um pesquisador que não tem um contrato com a WUR, mas sim com outras instituições financiadoras, e que desenvolvem sua atividades e pesquisas por um determinado período em Wageningen, recebendo o título de PhD pela instituição de origem. O quinto e último é External PhD, que é parecido com o Guest, a não ser pela possibilidade de receber o título também pela WUR, ou seja, um duplo doutoramento. 

Na Universidade de Wageningen sou enquadrado como Guest PhD Employee por ter vínculo com o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e receber bolsa de estudos no exterior pela CAPES (Coordenação para o Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), recebendo o título (após a defesa de tese) de PhD pela minha instituição de origem. Embora seja um Guest há também uma relação de deveres e obrigações, com um cronograma a ser cumprido e uma série de responsabilidades, pois também passo a receber o “carimbo” de qualidade de WUR, desta forma o nível de exigência é o mesmo, podendo inclusive integrar quaisquer pesquisas da universidade. Sigo também uma rotina de trabalho, com horários (muito embora flexíveis), como em um trabalho comum, reportando à secretária minha ausências para fins de comunicação aos colegas que não raro marcam appointments (Obs.: Tudo que aqui é por appointment, nem que sejam 10 minutos, sempre deve-se marcar estas reuniões deixando bem claro sobre qual assunto irá se tratar, mesmo que sejam sobre amenidades). 

Para que possa desenvolver suas atividades, todo o PhD Candidate tem à sua disposição uma mesa, com um computador, sempre em uma sala compartilhada com outros doutorandos, assim como esta onde fica minha mesa, onde divido o espaço como apenas mais um doutorando: 

Mesa de trabalho e estudo

Vista da sala - 3º andar
Outro fato importante é que o PhD Candidate recebe um cartão da WUR que não é somente para fins de identificação, mas um cartão magnético que inclusive contém um saldo específico para imprimir quaisquer documentos a partir de um computador logado com seu nome de usuário e password. Este cartão permitir acessar as máquinas de café da Douwe Egberts , onde nos intervalos entre um texto ou outro, é possível pegar um café expresso, um cappuccino, um chá ou até um copo de água gelada. Nem preciso dizer que sem o cartão não se pode requisitar livros à biblioteca, mas com uma flagrante diferença em relação ao Brasil, o delivery. Como assim? Pois é, fiz uma reserva de alguns livros que me interessavam pelo site da biblioteca e para minha surpresa, na data prevista para retira-los e eles já se encontravam na mesa da secretária do me grupo de pesquisa, ou seja, nem precisei sair da cadeira. 

WUR Card
Outra coisa que deixa maravilhado qualquer pesquisador é ter praticamente todos os artigos científicos à disposição para download. Sim, é o paraíso dos artigos, basta fazer o login e acessar todos aqueles trabalhos ainda não cobertos pelo Periódico CAPES (que já é uma excelente base de acesso). Para que se tenha uma idéia, certo dia resolvi fazer um teste com o currículo de uma autora que é central em minha tese, resultado, baixei 100% de todos os artigos da autora, incluindo capítulos de livros, e mesmo ebooks completos, isto de forma legal e disponibilizado pelos contratos de acesso da Universidade. 

Quer aprender um novo idioma ou melhorar o inglês? Não tem problema, há o Language Service, que oferece uma série de cursos de idiomas em todos os níveis, tais como inglês, francês, espanhol, Holandês (dutch), ou mesmo cursos de desenvolvimento pessoal, como por exemplo o curso de oratória (em inglês). Estudar cansa a mente? Então há a possibilidade de relaxar e praticar atividades físicas no Sports Centre de Bongerd (SCB), que disponiliza academia, quadra de tênis, squash, natação, entre outros, assim não há desculpas para não praticar esportes, ainda mais pela taxa de 70 euros mensais (para PhDs), que se for pensar bem, considerando o nível do centro de esporte, é uma taxa baixa. 

Há facilidades adicionais, mas isto é uma descoberta pessoal, pois posso dar algumas dicas mas a caminhada é individual, cada um deve buscar, segundo seus objetivos e prioridades, o que mais lhe interessa e aproveitar este período que é único, não importando a idade (nunca é cedo ou tarde demais para fazer um doutorado, cada um tem seu tempo). Também é preciso sair efetivamente do Brasil e abraçar de fato a experiência, procurando centrar-se no que se está fazendo no momento, pois senão corre-se o risco de viver na Holanda e ainda ter a impressão de que se mora no Brasil. A escolha é sua. 

domingo, 14 de agosto de 2011

A mobilidade urbana que sobra na Holanda e falta no Brasil

Segundo o Ministério das Cidades (PlanMob, 2007), a “Mobilidade urbana é um atributo das cidades, relativo ao deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano, utilizando para isto veículos, vias e toda a infraestrutura urbana”. Este é um conceito normativo, que não é meu objetivo discutir aqui, sequer iniciar uma discussão teórica maçante e tampouco produtiva, o que quero mesmo é despertar a reflexão sobre o direito de ir e vir, sobre a liberdade de mover-se nas cidades e entre as cidades sem que isto seja um pesadelo ou um sacrifício. 

A mobilidade urbana deveria ser um direito de todos, homens, mulheres, pessoas com mobilidade reduzida ou algum tipo de deficiência, idosos, crianças, gestantes, todos sem discriminação, tal como prevê a Constituição Federal. Porém, esta não é a realidade brasileira, com cidades criadas sob uma lógica “burra” onde somente alguns privilegiados possuem o passaporte da felicidade para estarem aonde desejam, sempre que quiserem. Mobilidade urbana é poder utilizar um transporte público de qualidade que trafegue sob vias pensadas para desafogar e não afogar o trânsito, é ter várias outras opções além do carro para se chegar a um destino, é poder andar de bicicleta com segurança e caminhar nas calçadas planejadas para evitar tropeços eventuais. 

Infelizmente o Brasil só foi pensado para uma única possibilidade de locomoção, o automóvel. Não interessa mais discutir onde erramos em nossa história, mas sim onde não erraremos mais. Não pretendo fazer uma apologia à perfeição da mobilidade urbana na Holanda, porque esta perfeição não existe, porém quando percorro alguns quilômetros de bicicleta rumo à universidade, mesmo sob chuva ou garoa, pedalando sobre uma ciclovia, percebo que ainda estamos distantes de um país realmente desenvolvido. Muito pensarão que isto é apenas conversa de um estudante maravilhado que vive em uma cidadezinha sem problemas do interior da Holanda, mas digo que não é, quem conhece Amsterdam, com seus quase 800 mil habitantes, ou Berlim (Alemanha), com seus mais de 3,4 milhões de habitantes, reconhece isto. 

Estacionamento de bicicletas do Shopping Hoog Catharijne (Utrecht)
Fonte: arquivo pessoal
Mas o que há de diferente na Holanda? Primeiro que quando eles tiveram dinheiro sobrando em caixa investiram pesado na infraestrutura do país, algo que o Brasil está tendo a oportunidade de fazer agora com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Segundo, eles acertaram nas escolhas adaptadas a cada tipo de cidade, e por último e terceiro há o aspecto educação, nas escolas e no trânsito. Há acidentes de trânsito? Sim, há, mas são raros os acidentes graves. E sobre os congestionamentos de trânsito? Sim, também há e é um grave problema de Amsterdam, porém a partir de 2012 será cobrada uma taxa de 3 centavos de Euro por quilômetro rodado, chegando a 6,7 centavos em 2017, além do mais todo veículo deverá ter obrigatoriamente um GPS afim de se encontrar as opções alternativas para se chegar a um destino. Veja reportagem http://is.gd/ueEQhE.

Tanta taxação sobre o uso os automóveis requer um bom sistema de transporte público e o da Holanda é exemplar. Em qualquer ponto de ônibus há a indicação do horário de cada linha, com um sistema pensado para a interligação com trens, bondes e metrôs em sincronia, tudo funcionando pontualmente. Ok, sim, há atrasos especialmente nas estações de trens, sem falar em algumas mudanças abruptas de horários no displayers nas estações e pontos, mas nada que tire a comodidade do sistema, que pelo menos avisa sobre eventuais atrasos. O fato é que em geral o horário é cumprido rigorosamente, e nos minutos, se um trem ou ônibus está programado para 17h04 não adianta chegar 17h09, já foi, perdeu. Além de tudo, o transporte é limpo e confortável, e os motoristas de ônibus não apostam corrida ou freiam abruptamente, eles sabem perfeitamente que estão transportando cidadãos, não importando sua classe social. Há também no Brasil bons exemplos de transportes públicos bons, como em Curitiba, mas estes são exceção, não regra. 

Quando você chega na Holanda observa que uma “rua” é composta por duas vias, a rua em si, por onde trafegam os carros, a via para as bicicletas e ciclo motores de baixa velocidade. Esta é lógica, cada um no seu canto, seguindo regras de trânsito, inclusive aplicadas aos ciclistas, que podem ser multados se ultrapassarem o sinal vermelho ou não acenderem as luzes da bike durante a noite (conheço brasileiro que conseguiu ser multado por isto na Holanda). 

Eu e meu meio de transporte na Holanda
Assim, a primeira coisa que deve ser adquirida na Holanda é uma bicicleta, todos tem, todos pedalam, não importa a idade, trata-se de um orgulho nacional, e a oferta de bikes é imensa, para todos os bolsos. Aliás, o ofício do bicicleteiro é bem valorizado e bem pago por aqui, fato que percebi quando levei a minha para uma revisão logo após a compra por uma bagatela de 70 euros (bike usada), recebendo uma conta de 50 euros entre acessórios, trava de segurança e revisão elétrica, do total 15 euros só de serviços. Trava? Sim, nem pense em não ter cadeado ou trava na bicicleta se não já era, e se tiver a bike roubada não adianta nem reclamar. Diz a lenda que certa vez um brasileiro teve sua bike roubada e revoltado dirigiu-se a um policial para perguntar onde ficava a delegacia para fazer um registro de ocorrência, no que teve uma inesperada resposta: “Ah, quando eu era adolescente, eu também roubei uma bicicleta.” Contradições da Holanda. 

Centro de Amsterdam - observe as ciclovias (faixas mais escuras)
Fonte: arquivo pessoal

Para períodos curtos na Holanda aconselho a comprar uma bicicleta usada, em Wageningen, por exemplo, basta ir à praça de alimentação em volta da Igreja às quartas ou sábados que há diversos modelos à venda, mas preste atenção, observe sempre aqueles dois itens importantíssimos, trava de segurança (no freio) e mini faróis dianteiros e traseiros (obrigatórios), no mais é só sair pedalando. Quer uma bike novinha em folha? Sem problemas, tem em todo lugar, mas aconselho a ir em lojas especializadas, lá é possível encontrar desde as mais simples por 200 euros em média até de modelos de 3.000 euros, mas uma boa bicicleta, completíssima, sai entre 700 e 800 euros. Tem um modelo que gosto muito, a bicicleta dobrável, que é vendida também no Brasil, é muito útil pela possibilidade de levá-la para qualquer canto, facilita em muito, por exemplo, em uma viajem de trem; nada mais prático por exemplo do que chegar em Haia, Roterdam ou Amsterdam e já sair pedalando para quaisquer lugares. E vamos largar de frescura minha gente, abandonar este mentalidade de pseudo-riqueza e pedalar, é saudável para a natureza, para o próprio corpo e para o bolso (parte mais importante do corpo para muita gente).

sábado, 6 de agosto de 2011

Vamos às compras?

Este post é especial, pois trata de um importante tema, para homens para mulheres, porque afinal haverá inevitavelmente a necessidade de se comprar algo por aqui, seja pelas utilidades no dia-a-dia, seja pelo vestuário necessário, ou mesmo pela vontade de comprar coisas que dificilmente você encontraria no Brasil por um preço satisfatório. Mas mesmo quem não é consumista se virá tentado a sair do orçamento dada a imensa oferta de produtos de qualidade a preços acessíveis a todos, para todos os gostos e bolsos. 

Para quem mora em Wageningen há a opção de comprar no centro, que na verdade é praticamente uma rua onde se aglutinam as lojas, a Hoogstraat, onde a cidade toda se reúne e faz a festa, especialmente nos meses de julho e agosto que é a temporada de actie (liquidação). Mas o comércio daqui é adequado e supre com relativa satisfação toda comunidade que vem de fora do país para estudar na Universidade de Wageningen. Digo relativamente, porque se a intenção é gastar bem, bem mesmo, o melhor é viajar para Utrecht, o centro comercial da região, onde se concentra o que há de melhor em marcas e preços. Chegar a Utrecht é fácil, ou se vai de ônibus, 2,70 p.p, ou de trem, 7,00 p.p.; pessoalmente aconselho a fazer pelo menos um vez a viagem de ônibus pois a paisagem é linda, sem contar que durante 1h30 de viagem é possível passar por várias cidades e conhecer um pouco da fantástica arquitetura local. 

Mas vamos ao que interessa, e começando pela base, do chamado “popular” onde o “povão” daqui faz a festa (leia-se, salários até que uns 2.000). Duas lojas são básicas e tem em quase toda Holanda; a Scapino, bem barata mas com produtos bons para o dia-a-dia, especialmente calçados, já até comprei um sapatênis por de 30 por 8 na promoção; a Schoenenreus, que vai no mesmo sentido da Scapino mas particularmente não gosto dos produtos, assim nem mais entro lá. Tem também uma loja que consegue ainda ser mais barata e básica que as duas citadas, é a Zeeman, que com todo respeito, é a versão “lojão do povo” abarrotada de produtos chineses (confesso, comprei uma camiseta por 3 lá). 












Saindo da base encontra-se a HEMA, uma loja de departamento que tem quase de tudo e está em todo país, com qualidade e bons preços. Lá eu já comprei um monte de coisas, desde material escolar a acessórios para bicicleta, sem falar que até dá para fazer um lanche a preços módicos na cadeia própria de fast-food. Assim esta loja é referencia, onde quer que esteja, na dúvida passe na HEMA, que lá você o encontra normalmente o que precisa com qualidade e a preços razoáveis. Faltou alguma coisa em casa? Utensílios, ferramentas, decoração, vá a Blokker. Nesta loja descobri que estou pagando muito caro por produtos similares no Brasil que não tem nem a metade da qualidade oferecida aqui.















Vamos agora fazer um upgrade, saltando básico e regular para o diferenciado, estou falando da V&D (Vroom & Dreesmann), uma loja de vestuário, cosméticos e perfumes que quase enlouqueceu minha esposa, em especial a loja do Shopping Hoog Catharijne, de Utrecht, que tem quatro andares de puro bom gosto e praticamente com os mesmos preços da HEMA, com uma diferença, as marcas, tais como United Colors of Benetton e Desigual. Sim, nesta loja é possível vestir-se bem, com elegância e gastando pouco. 



Ainda em Utrecht, mas agora num nível acima de todas as lojas que citei até aqui, está a Bijenkorf, onde se encontram as marcas top, tais como Hugo Boss, Tommy Hilfiger, Macgregor, French Connection, Julien Le Roy, Diesel, Polo Ralph Lauren, entre outras, tudo em um só lugar, mas com duas imensas diferenças em relação ao Brasil, o preço e a acessiblidade, qualquer um pode entrar, qualquer um pode comprar, e não há somente vestuário, há relógios, óculos, jóias, tudo isto sob um tratamento vip dos atendentes.




Em Utrecht também há outras lojas de marcas conhecidas, como a Zara, que fica no começo dos canais, também como preços muito abaixo dos praticados no Brasil, e olha que estou falando da Holanda, um dos custos de vida mais altos da Europa. De qualquer forma, após cansar-se das compras em Utrecht, vá a um dos restaurantes localizados nos canais, faça um passeio de barco e não deixe de conhecer a torre e Igreja “Dom”.




Esqueci-me de algo? Sim, dos eletrônicos, e aí é covardia em relação aos preços.Quando entrei na Media Makt fui eu quem quase enlouqueceu, são muitos produtos. Câmeras, notebooks, eletrônicos, celulares, etc, a preços impensáveis no Brasil. Há também uma outra loja muito boa e conhecida, a Dixons, muito boa em disponibilidade de produtos, mas perde para a Media Market.













Devo ter esquecido de algumas lojas, mas não se preocupe, semanalmente são colocados nas caixas dos correios vários encartes e folders, mas com uma diferença do Brasil, vem todos em um único envelope plastificado, onde há diversas ofertas, de diversas lojas, para que o consumidor faça suas escolhas.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Assistindo TV na Holanda

Assistir TV na Holanda é algo muito simples – para os holandeses – assim, para os que não foram educados desde bebês no “Dutch”, restam os canais em inglês e em francês. A TV principal do país é a RTL, que na verdade é alemã, de propriedade majoritária do conglomerado de mídia Bertelsmann, com sede em Luxemburgo, estando também presente na França, Bélgica, Reino Unido, Austrália, Espanha, Hungria e Croácia, além de co-produções nos Estados Unidos. 


Já entendo algumas palavras e frases em holandês, mas nada suficiente para acompanhar um programa de TV, mas a RTL tem uma programação variada e com alguns filmes sem dublagem e em sua versão original em Inglês, além disso tem os realities shows de música, tais como o “Holand's Got Talent” e “The X Factor” que são um show a parte (não custa nada lembrar que a holandesa Endemol criou o Big Brother). 



No estado onde resido há também uma TV regional, mais ou menos a RBS ou TV Morena deles, só que com programação exclusivamente local, contando até com uma versão da “Ana Maria Braga” chamada Angelique Krüger, que é um pouco estranha e até há pouco tempo eu realmente acreditava que os programas dela não faziam sentido e eram chatos. Porém, nesta terça, dia 02/08 não é que ela traz o seu programa itinerante para Wageningen e grava direto da praça principal da cidade. Somente então pude compreender a diferença que ela faz na região, movimentando as cidades locais com games entre grupos bem como contando um pouco da história de cada uma. 

Angelique Krüger
Logicamente eu Jackeline (minha esposa) fomos à praça para assistir a tal gravação e até nos divertimos um pouco. Para quem quiser conhecer um pouco de Wageningen, segue um link com o programa completo: Zomer in Gelderland. Bom, assistir a gravação deste programa me chocou um pouco dado que um cidadão que imitava John Lennon fumou maconha calmamente diante das telas, isto em plena luz do dia, em praça pública. Isto é Holanda. 


Em termos de TV o que salva mesmo são os canais internacionais, possíveis somente via TV por assinatura, tais como CNN, TV5, Eurosport, e o melhor de todos, a BBC (BBC1 e BBC2), que é o que mais se aproxima em termos de TV como conhecemos no Brasil, com um jornal matinal muito bom, programação interessante e uma cobertura excepcional da Fórmula 1, com comentários de Eddie Jordan (ex-dono de equipe), David Coulthard (ex-piloto) e Martin Brundle (ex-piloto), com a brilhante narração de Jake Humprey, um garoto de 32 anos que prova que não é preciso ter assistido e presenciado toda história do automobilismo para se entender de F1. Aliás, eles fazem a transmissão praticamente de dentro dos boxes das equipes e não precisam mendigar entrevistas, todos os pilotos vem até eles e até mesmos os managers e donos de equipes dão entrevistas sorridentes. Enfim, para quem adora este esporte como eu, livrar-se da narração absurda do Galvão Bueno e de uma transmissão de estúdio da Rede Globo,  é algo que não tem preço. 

Mas o mundo mudou e não assistimos TV somente na TV convencional, enquanto o Brasil acorda, almoçamos assistindo o Bom Dia Brasil, e enquanto Brasil almoça, jantamos assistindo o Jornal Hoje, tudo isto via internet, não vou negar e nem ser puritano em relação a como o sinal chega, mas são passíveis de serem assistidos quase todos os canais brasileiros, abertos e fechados, via web.