quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A chegada do Sinterklaas em Wageningen



No dia 12 de novembro, um sábado, o Sinterklaas chegou em Wageningen navegando pelo Rio Reno, desembarcando no Porto da cidade acompanhado de seu ajudante, o Zwates Piet. Antes que alguém me pergunte, o Sinterklaas nada mais é do que o São Nicolau de Mira, transformado em Papai Noel no Brasil e Papa Natal em Portugal, nascido em Petara (Turquia) por volta do ano 271 e falecido em 6 de dezembro no ano de 342 ou 343. Para não criar ainda mais confusão, nem vou entrar na discussão dos elementos considerados pagãos integrados da mitologia nórdica (centrada na figura de Odin) 

Arquivo pessoal

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Foi uma experiência única, parecia que toda a cidade estava lá para receber o tal do bom velhinho (ou qualquer coisa parecida), especialmente as crianças, ansiosas pela chegada. E logo lá estava ele, mas fez um pouco de charme e suspense dando umas voltas de barco até enfim desembarcar e trazer consigo seu ajudantes. A chegada de barco é uma clara alusão ao fato de São Nicolau ser o patrono dos marinheiros na Espanha, logo também adotado pelos holandeses. Já seus ajudantes são um capítulo a parte e sinceramente eu não estava preparado para ver holandeses de olhos verdes ou azuis com seus rostos e peles pintados de carvão sem que houvesse uma explicação histórica lógica para isto. Diz a lenda que o bondoso São Nicolau libertara um garoto etíope da escravidão no comércio de Mira, o qual teria ficado tão agradecido, mas tão agradecido que decidira por conta própria ficar com Nicolau como seu ajudante pelo resto de sua vida, ou seja, escravo por opção. Alguns também apontam para a influência nórdica em referência aos dois corvos que seriam os informantes de Odin, ou ainda uma referencia ao “senhor negro da noite” que teria ajudado o Deus nórdico a vencer o mau. De qualquer forma, para suavizar um pouco esta história de que o bom velhinho teria ajudantes etíopes que trabalhariam por toda uma vida de graça para ele e sem direito a contrato de trabalho como manda a lei holandesa. A versão atual disseminada para as crianças é que os ajudantes se sujam de carvão quando entram pela chaminé para entregar os presentes.

Arquivo pessoal

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A festa é bonita, o Sinterklaas desembarca com pompas, com direito a banda de música e tudo. Ao mesmo tempo os ajudantes entregam os “strooigoeds” (doces) às crianças, o que faz a alegria geral, até com adultos entrando na disputa pelos doces. É praxe também que a comitiva do Sinterklaas siga uma rota pré-estabelecida até um local (normalmente a própria prefeitura) onde o prefeito da cidade (burgemeester) oferece as chaves da municipalidade. Wageningen não fugiu a regra e a caravana do Sinterklaas seguiu direto para a Grote Kerk para o tão esperado momento. 






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A dinâmica do natal aqui na Holanda é diferente a do Brasil, especialmente por ser no dia 05 de dezembro a data em que as crianças receberão seus presentes, contanto que elas deixem cenouras em seus sapatos como um agrado ao cavalo branco que traz São Nicolau e em retorno elas ganham os presentes. A grande vantagem disto, pelo menos da minha interpretação, é a separação das festividades relativas ao dia de São Nicolau e do Natal, que é tratado efetivamente como uma celebração cristã nos dias 25 e 26 de dezembro (primeiro e segundo dia de natal). 


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Uma informação que não pode ser passar despercebida é a facilidade encontrada para se adquirir enfeites de natal, com grande variedade e especialmente preços acessíveis a todos. É muito fácil, com muito pouco, montar árvores de natal de todos os tamanhos (e não apenas minúsculas a preços exorbitantes como no Brasil) e uma imensurável gama de enfeites que realmente dão o tom da celebração por aqui. 

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