terça-feira, 28 de junho de 2011

I amsterdam


Em nossa 3ª semana na Holanda recebemos uma carta do ministério da imigração dizendo que nossos cartões de identidade já estavam prontos (residence permit), o único porém seria ter de viajar para ‘S-Hertogenboch (sértorrenbôs), a uns 60 Km de Wageningen. Como de praxe fomos de trem, afinal tudo por aqui é via trem, e assim ao meio dia já estávamos com o verblijfstitel na mão.

Com eu já havia avisado meu orientador de que viajaria para pegar o documento e estava liberado o dia todo, pensei, ”por que não desviar a rota e passar uma tarde em Amsterdam?”, afinal era um lindo raro dia de sol, até estava bem quente para os padrões holandeses (30ºC). Eis que fomos lá, da esquisita S-Hertogenboch para a impressionante Amsterdam, a começar pela estação de trem, um formigueiro com gente de todo o tipo. Como qualquer marinheiro de primeira viagem, compramos um guia ali mesmo na estação (tem de todos os preço e tipos), bastava então encontrar atrações pontuais, pois nosso tempo era curto.

Logo em frente à estação tem os bondinhos e ônibus turísticos, não tem erro, há opções de todo o jeito, no nosso caso optamos pelo City Sight Seeing, não é perfeito, mas ajuda a se encontrar na cidade e é possível subir e descer nas paradas numeradas de 1 a 9. Fizemos o tour e decidimos parar no Museumplein (parada nº 5), por dois motivos, um pela visita ao Museu Van Gogh, outro, pelo famoso letreiro “I amsterdam". 

Para quem ama as artes, a visita ao Van Gogh Museum é de tirar o fôlego, o acervo é impressionante, logo na entrada pode-se observar o famoso auto-retrato e iniciar uma viagem no tempo. Vincent Van Gogh decidiu ser um pintor aos 27 anos em 1880 e morreu aos 37 anos em 1890, deixando uma quantidade e qualidade de obras absurdamente impactantes para 10 anos de trabalho. Observar os traços do artista é compreender a genialidade de alguém que pintava em 3D, como definiu uma amiga, só mesmo vendo ao vivo para compreender, algo que fiz quando me deparei com os “Girassóis”, permanecendo minutos petreficado em frente àquela tela. 

Autorretrato (1887)
Girassóis (1889)












O museu também tem obras de outros autores, entre eles Odilon Redom (simbolismo), com meu quadro favorito de sua obra, “Buddah in his youth (Buda na juventude)”, mas quando você pensa que viu tudo, lá estava, no último andar, um legítimo Monet, e não menos que a obra “A ponte japonesa”, entre outras, como diria meu amigo Marcos da banda "O Bando do Velho Jack", “é de chorar”.

Buddah in his youth
Odilon Redon

The Japanese Bridge
Claude Monet

Para quem quer levar alguma lembrança, tem os souvenirs na Loja do museu, decidimos comprar uma réplica do “Wheatfield sob Thunderclouds” de 1890, (campo de trigo sob o céu nublado - umas das últimas obras) e um livro (em português) sobre a vida e obra de Vincent Van Gogh. No mais, almoçamos lá mesmo no café do museu e descemos à praça. Na verdade são tantos museus, tanta coisa a ser feita, que um dia é pouco, ainda mais em apenas uma tarde. 

Wheatfield under Thunderclouds (1890)
No Museumplein fica o leitreiro “I amsterdam”, devo dizer que todo mundo enlouquece quando vê aquilo. Flashes para todos os lados, com gente dependurada, outros de ponta cabeça, cada um escolhendo a pose perfeita. 



Pelo trajeto que fizemos não deu tempo de ir à casa de Anne Frank (fica para próxima), mas pelo menos tivemos um panorama geral da cidade em nossa primeira visita, assim já sabemos nos localizar. A última parada (nº 9) é no Damrak, onde fizemos uma caminhada pelo “Red Light District”, famoso pelos sexshops, cafeshops e pelas profissionais que fazem a alegria dos marmanjos. Nesta área aconselho a andar em grupos ou nas ruas mais movimentadas. O passeio de barco pelos canais fica para próxima, impossível não retornar!


quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Sistema Bancário Holandês






Um banco holandês, qualquer um que seja, não lembra em quase nada a loucura e as filas dos bancos brasileiros, aliás, para começar não há nem caixas, com aqueles intermináveis guichês (isto mesmo, não há caixas). Todas as transações são feitas diretamente nos caixas automáticos (eletrônicos) ou via internet, ou seja, pagamentos, depósitos, saques, praticamente tudo, somente via máquinas. Há diversos bancos, mas os mais procurados são o Rabobank, ING e o ABN-AMRO. Por já estar familiarizado com o Banco Real (atualmente Santander), resolvi abrir conta no ABN, afinal também ficava a uns 200 metros de casa.

Entrei e passei por um pré-atendimento, onde é feita a abordagem inicial e são solicitados os documentos para abertura de conta: a) Passaporte, b) BSNumber, C) Comprovante de Residência (Contrato de Aluguel na Holanda ou de residência oficial no Brasil) e d) Carta convite da Universidade. Como já tinha todos fui direto para a mesa do gerente e a conversa melhorou quando eu falei que era estudante de doutorado (já sabem até os valores da bolsa). Tudo muito rápido e direto, em 15 minutos (o tempo de tomar um cafezinho oferecido pelo gerente) já tinha o número da minha conta e as orientações básicas, que eu achava que tinha entendido, mas fui surpreendido quando chegou meu cartão (3 dias depois) acompanhado de uma maquininha chamada de e-indentifier (figura abaixo). 



Pronto, lá fui eu de novo no banco para ver o que era aquilo, que não passava simplesmente de um dispositivo para acessar e fazer transações em minha conta corrente onde quer que eu fosse. Como assim? Verdade, tal maquininha conecta em qualquer lugar, substitui aquele jogo de senhas malucas dos internet banking no Brasil, sendo acessado exclusivamente com a digitação do “PIN”, que nada mais é do que a senha. A atendente até tirou uma onda dizendo que “até uma velhinha de 99 anos conseguia manipular aquilo” (eu que achava era da geração Y saí do banco me achando um Neandertal). Há também o Chipknip, o chip do cartão, que você pode carregar em uma das diversas máquinas espalhadas pelo país, sistema este que funciona como se fosse um cartão pré-pago, porém sem necessidade de senha, pois a transação é feita diretamente e usa-se para pagamentos de pequeno valor como em estacionamentos, cinemas, transportes públicos. Para se ter uma idéia, nada se paga com dinheiro ou cartão de débito na Universidade, somente via Chipknip, assim para fazer sua refeição por lá somente com o chip devidamente carregado. 

Até agora não fui premiado com nenhuma cobrança “surpresa” de uma tarifa fantasma que come de centavos em centavos nosso rico dinheirinho (como ocorre nos bancos no Brasil), assim sempre sei exatamente nos centavos qual é meu real saldo e dessa forma espero que fique.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Segurança na Holanda: nem tudo são flores

Recentemente recebi uma carta da Polícia de Wageningen em minha caixa de correspondência, fiquei branco na hora, até porque estava em holandês e eu não entendia nada do que estava escrito, a não por ser um horário marcado à caneta. Mas minha preocupação durou pouco, logo acessei o Google Tradutor e compreendi um pouco do que se passava, na verdade a correspondência informava que houvera um furto na região, pior, em meu prédio (todos os moradores receberam a mesma carta), assim solicitava-se ajuda com quaisquer informações. Como a carta não era específica sobre o ocorrido não dei muito atenção. 

Noutro dia encontrei-me com a Blok (a feliz única corretora da cidade) e ela me disse que haviam levado todos os fios de cobre, entre outros materiais, reservados para a reforma que atualmente ocorre em meu prédio. Segundo a corretora os próprios trabalhadores eram suspeitos por terem vindo do “norte” do país. Lembrei-me de um certo país em que isto acontece também, o roubo de cobre e a discriminação e separação de um país em norte e sul, mas fiquei surpreso pela ocorrência em uma pequena cidade do interior da Holanda, mais surpreso fiquei ainda quando me disseram para tomar cuidado com minha bicicleta, pois não são raros os furtos. 

Indubitavelmente Wageningen é uma cidade segura, porém não está isenta de crimes, assim como em quaisquer lugares no mundo, mas por cautela sempre travo minha bike, ando por lugares mais seguros e lacro minha porta.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A primeira reunião

Forum - Prédio principal da WUR


Enfim chegou o dia da minha primeira reunião com meu grupo na universidade, marcada para a segunda (06/06), pontualmente às 12h15 (estranhei o horário por ser na hora do almoço). Mas antes cabe compreender a dimensão da Universidade de Wageningen, oficialmente fundada em 1918 objetivando ser a sucessora da escola de agricultura de Wageningen (criada em 1876), figurando em 144º no ranking mundial da “Times Higher Education” (a Holanda tem 10 universidades entre as 200 melhores do mundo) sendo altamente reconhecida internacionalmente pela formação e desenvolvimento de pesquisas agrícolas e ambientais. Meu grupo, RSO – Rural Sociology Group conta com 65 anos existência realizando pesquisas ao redor do mundo.

Voltando a reunião, chegando à sala da secretaria, logo me apresentei à Corine (secretária do grupo) que me passou algumas orientações entre elas a tradição de fazer reuniões na hora do almoço, ou melhor, a reunião seria durante a refeição. Fiquei tranqüilo por não ser o único novato, uma nova doutoranda mexicana chamada Gina também seria apresentada ao grupo. Assim fomos ao refeitório, cada um servindo sua parte (self-service), porém não é uma refeição como no Brasil, como disse em post anterior, esqueça o arroz, feijão e fartura de carne, nada disso, aqui você pode servir-se de pães integrais, saladas (incluindo uma maionese), frutas frescas, queijos, presunto, sucos e para os viciados como eu, refrigerante (preferencialmente aquele do “open happiness”), e aí foi meu erro. Servimo-nos, a Corine foi gentil e pagou para mim e para a Gina (pagamento somente via chipknip, explico mais tarde) e assim subimos para a Reunião. 

Na sala de reunião, com mesa em forma de “U”, estavam professores, pesquisadores, estudantes de doutorado e secretarias do grupo (que são duas na verdade, Coby e Corine), todos com seu “lanchinho”, quer dizer, almoço. Sentei-me e para meu desespero, comecei a notar que todos no grupo ali seguiam a linha natural e saudável de alimentação, com saladas, sucos naturais, pães integrais, sementes, etc, incluindo meu orientador, que ao meu lado, servia-se de frutas frescas e leite orgânico, enquanto eu me deliciava com um refrigerante. Fiquei constrangido, não que eles fossem me recriminar ou reparar, até por que na Holanda ninguém invade seu espaço, mas eu deveria ter compreendido melhor o perfil do grupo e ter levado um suco natural. 

A reunião é objetiva, com hora para começar (12h15) e hora para terminar (13h30), sem enrolação, seguindo uma pauta previamente estabelecida, dando a oportunidade para que cada um dos integrantes se expresse e comunique ao grupo o andamento de suas atividades, tudo isto registrado em ata, com posterior cobrança sobre os resultados obtidos. O melhor de tudo é ver que estas reuniões dão resultado e as palavras não ficam ao vento. Minha fala foi aquela de iniciante, apresentando-me, agradecendo ao grupo pelo estágio, etc, nem tinha muito o que falar, aliás, falar demais também eles não gostam, assim é preciso objetividade, sem nhém-nhém-nhém, mas se você falou, está registrado, se apresentou metas, cumpra-as, assim não assuma compromissos além das suas possibilidades, melhor qualidade e poder de execução do que quantidade, execução duvidosa ou não cumprimento das metas.

domingo, 12 de junho de 2011

Uma cidade de 750 anos



Durante minha primeira semana na Holanda, já devidamente instalado e com todos dos trâmites documentais em andamento, fiz um “reconhecimento” visitando os pontos principais de Wageningen, que na verdade é quase uma adolescente na Europa, fundada em 1263, tendo sido povoada em torno de uma igreja construída pelas guildas mediavais, assim vai assoprar 750 velinhas em 2013. Caminhar pela cidade é ver a história passar pelos olhos, com casas, igrejas e museus, como o Museu De Casteleese Poort, antigo castelo do Senhor de Wageningen. A cidade também é famosa por ter sido o local da rendição alemã ao General Charles Foulkes, pondo fim a II Guerra em solo Neerlandês, assinando-se os termos no Hotel De Wereld ( O Mundo) . Quem quiser saber mais pode acessar a página da municipalidade de Wageningen e ler toda a história em detalhes. 

A municipalidade de Wageningen encontra-se na Província de Gelderland (maior província da Holanda), que tem como capital a cidade de Arnhem (há 17 km). Situa-se no Veluwe, uma região de florestas (ou o que restou delas) que caracteriza o antigo Ducado da Guéldria, sendo delimitada pelo Vale de Gelderland e pelo rio Rino. O Porto de Wageningen é importantíssimo para região, o que no passado levou a pensar que a cidade teria importante papel comercial na província, o que não se provou verdade e enfim decidiram transformar-la em um pólo de ensino técnico agrícola e posteriormente em um pólo universitário, o que em suma salvou a cidade e sua razão de ser, transformando-a na “Cidade das Ciências da Vida” (City of Life Ciences). 

O centro comercial é bem ativo, boas lojas, bons bares, boa qualidade e bons preços (menos nos restaurantes), tem de quase tudo para contentar os 37.000 habitantes, 8.000 destes envolvidos de alguma forma com a Universidade. Há também cinema e teatro (Heeren Straat Theater) e até coffeshopps. O horário comercial é diferente do que estamos habituados no Brasil; nada abre na segunda pela manhã, sendo que em geral as lojas abrem às 9h e fecham às 17h, exceto às sextas quando fecham às 21h. Os bares em volta da Igreja Grote Kerk of Johannes de Doperkerk - Igreja de João Batista – (parcialmente destruída na II Guerra Mundial) na Rua Markt são um charme a parte, com as pessoas reunindo-se para jantares à luz do sol (especialmente no verão onde pôr-do-sol é próximo das 23h). A cidade também é repleta de parques, como o Dreijen Arboretum e o Belmonte (meu preferido por ser o mais democrático deles), onde as pessoas costumam fazer sua “fotossíntese” dado que sol aqui é raridade. Há também um moinho histórico (De Vlijt) quase no centro onde são vendidos produtos orgânicos (onde compro meus cereais e cafés). 

Nesta minha primeira semana havia um parquinho do tipo americano instalado no centro da cidade, foi um evento, todo mundo lá, de mamando a caducando, todos brincando e se divertindo com os brinquedos e brincadeiras, inclusive eu e minha esposa, que perdemos 10,00€ tentando ganhar um celular e ursinho (este para a patroa, fique bem claro) na garra mecânica. 

Wageningen é uma excelente cidade, os meios de transporte são eficientes, ciclovias por toda cidade, alta qualidade de vida, tranquila, com quase tudo que se precisa, índices de violência quase nulos (demorei 10 dias para avistar um policial nas ruas) e clima agradável (menos no fim do outono e no inverno). Contudo é uma cidade universitária, ou seja, durante as férias estudantis corre-se o risco de morrer de tédio nos finais de semana, assim reserve uns euros para viajar de trem e aproveitar para conhecer outras cidades da região, valerá a pena.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A alimentação holandesa

Assim que se recebe a primeira refeição dentro do avião da KLM já dá para perceber a diferença na comida holandesa, sentindo-se um tempero diferente que dá ao alimento um sabor típico do país, o qual ainda estou tentando decifrar, embora já tenham me dado uma dica de que prevalecem a “Paradise Pepper” e o "Curry". De qualquer forma é diferente do sabor brasileiro, ficando evidente isto quando se está solo holandês, onde quase tudo terá aquele sabor que no começo você não exatamente o que é, mas terá um gosto típico nativo. 

Aconselho a esquecer o feijão com arroz, posso dizer que até há nos supermercados, mas não da forma como se encontra no Brasil. As refeições também seguem um ritmo um pouco diferente, iniciando-se com bom café da manhã chamado de “ontbijt” que pode consistir de cereais, corn flakes, fatias de pão com pasta de amendoin, geléias, frios, queijos ou granulados de chocolate no pão, algumas vezes também com um feijão com molho de tomate (agridoce). 

O almoço holandês não é exatamente um almoço, mas quase um lanche se comparado ao Brasil (em torno das 13h), configurando-se em uma refeição sempre com um bom pão integral (a variedade de pães aqui é imensa) acompanhado de um suco, chá ou até leite, como faz meu orientador holandês, que come frutas frescas acompanhadas por um “Biologisch Milk” (leite orgânico). Alias, comida orgânica e saudável não faltará por aqui, se há um pais que leva a fundo a concepção de comida saudável, este é a Holanda, nunca vi tamanha variedade de produtos orgânicos disponíveis, assim, aqui não há desculpa para não se alimentar bem. 

O jantar holandês é servido por volta das 18h e é considerada a mais reforçada das refeições, com pratos frequentemente a base de peixe, carne de porco e frango. Alguém perguntou por carne bovina? Pode esquecer também, não que não haja, mas a oferta é inferior à carne brasileira e consequentemente os preços são salgados, desta forma se você tem hábitos carnívoros de um típico gaúcho ou sul-matogrossense certamente sentirá a ausência de carne bovina no prato, mas sobram batatas, a base da alimentação holandesa, além de legumes, assim dá para purificar a “matéria”. Sopa também não faltará, pois são bastante apreciadas na Holanda e as mais comuns são as de tomate e de legumes. Para quem gosta de doce, não se preocupe, um holandês não resiste uma sobremesa, especialmente uma torta que em geral é servida após o jantar, seguida com um bom café acompanhado de uma bolachinha.

Entrar em um supermercado holandês é um choque, especialmente para quem não mora nos grandes centros do Brasil, primeiro pela variedade e diversidade produtos em oferta, depois pela flagrante qualidade. Tem alimento para todos os gostos, desde os mais industrializados aos “biologisch”, pães, leite e sucos nem se fala, mas o melhor de tudo mesmo é não ser obrigado a comprar “bebidas lácteas” disfarçadas de iogurte, pois aqui o leite é levado muito sério e é praticamente um orgulho nacional. Considero o Albert Heijn o melhor supermercado e de praxe o mais caro também, é o Zaffari deles (Porto Alegre) ou Comper 24h (Campo Grande). Para mim é cômodo falar do Albert Heijn pois moro bem em cima de dele, mas quando me estresso com o preço , pego minha bicicleta, ponho a patroa na garupa e vamos ao C100 ( 1,5 km) , que se equipara ao Nacional (Porto Alegre) e à Rede Econômica (Campo Grande). 













Aconselho a tentar apreciar o sabor e o aroma da culinária holandesa, afinal, como visitante deve-se respeitar os costumes locais e não custa nada aproveitar a estada para apreciar bons pratos holandeses. Para quem ousar gastar, pode-se visitar alguns restaurantes, os quais cobram preços realmente salgados, mas isto é assunto para outro post.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Encontrando moradia em Wageningen

Passada a maratona inicial dos procedimentos burocráticos para a residência formal na Holanda, restava o problema da moradia, e eu não estava disposto a passar do meio dia de terça-feira (31/05) tendo de pagar nova diária. 

A Universidade de Wageningen oferece inicialmente opção de moradia para seus alunos ou pesquisadores convidados por meio do sistema IDEALIS , porém para alugar efetivamente é preciso que você já tenha o BSNumber, possível apenas em solo holandês, mas consegue-se entrar numa lista de reserva para os quartos ou apartamentos, havendo a possibilidade de hospedagem temporária num hotel conveniado chamado BrinkResidence. Estas facilidades abrangem essencialmente estudantes ou convidados que vêm desacompanhados (sem esposa ou filhos), pois a espera para moradias familiares pode durar até 2 anos para ser disponibilizada, assim, deve-se recorrer a outras opções. 

Uma delas é o WSO House Desk, onde se é possível acessar diversos anúncios de estudantes ofertando vagas em quartos já alugados (Sublocação), mas é preciso também um pouco de cuidado, pois não há imagens disponíveis dos imóveis. 

Considero também uma boa opção contatar o site Room Rent Wageningen, onde pode-se buscar quartos ou pequenos apartamentos para locação. Porém também há o problema da lista espera em decorrência da alta demanda acrescida ainda da preferência que sempre é dada a quem já está em Wageningen. Não custa nada insistir e preencher o formulário indicando exatamente qual moradia se está procurando. 

Para os que tiverem “bala na agulha”, ou melhor, uma boa reserva financeira, há o mercado privado de imóveis, onde se passa por uma avaliação pessoal de adimplência e requer-se um considerável salário liquido. Olhar não paga http://ehr.nl/

Outra forma de buscar quartos é por meio do EasyKamer (quarto fácil), mas é arriscado, e isto digo por experiência pessoal, até porque foi lá que fiz o contato para locação que não deu certo, muito em função da falta de informação disponível e mais ainda sobre contatos duvidosos. Porém, uma experiência negativa não desqualifica a intenção e facilidade do site, como no caso deste anunciante http://bit.ly/kJf54y que é bem avaliado pelos residentes. No mesmo caminho há o HousingAnywhere, o qual considero realmente eficiente e fácil, mas apresenta poucas ofertas de moradia. 

A lista abaixo apresenta alguns dos sites que visitei, incluindo-se os BedandBreakfasts: 


Se nenhum desses sites adiantar ainda há uma última e definitiva salvação, que não sairá barato, mas garantirá um bom contrato de locação com todas as mínimas garantias jurídicas e reconhecimento contratual tanto na prefeitura quanto em bancos. Há somente uma corretora (pessoa física) em Wageningen, e ela exerce este monopólio com profissionalismo para ambos os lados. Deixei-a por último por ser a quem recorremos quando o cinto apertou, eu até já conhecia seu trabalho por meio de outros que aqui já estiveram, mas posterguei por saber que os preços seriam salgados. Entretanto não teve jeito, e ainda bem que ela estava na minha lista, bastando mandar um email, e ainda na segunda-feira já estávamos reunidos às 20h em sua residência (fica bem no centro) para encontrar um imóvel adequado. Na verdade somente havia uma opção disponível naquele momento, creio que de certa forma demos até sorte pois o antigo inquilino havia deixado o imóvel no domingo. 

A Blokhome trabalha bem, rápido e para tanta comodidade cobra uma taxa de serviço de 500€ que pode ser negociada para pagamento posterior após o pagamento prioritário do “Landlord” (proprietário). Se você puder, e tiver dinheiro suficiente, vale a pena contata-la pois é a garantia da locação sem riscos de ficar na mão quando chegar aqui em Wageningen como nós ficamos apesar de todas as pesquisas e planejamento. 

Nosso novo apartamento tem realmente um preço considerado alto para o padrão estudantil brasileiro, mas tem tudo que precisamos, mobília completa, fica no centro da cidade, em cima do principal e melhor supermercado (e mais caro também), em frente à estação central de ônibus e a apenas 2km da universidade (20 minutos a pé, 5 minuto de bicicleta). Tudo isto enfim pela módica quantia de 830€ + 60€ (internet e TV) + luz, água e gás (?€), mas vale pela localização (vista da sacada):  



Na terça-feira já estávamos devidamente instalados em nosso novo confortável apartamento e próxima missão seria fazer uma “varredura” do terreno e adaptar-se à alimentação holandesa, que merece um capitulo a parte neste blog.

Registro e permissão de residência

Todo estrangeiro que chega a qualquer cidade holandesa tem até três dias para se registrar na prefeitura local e receber o “Bericht van bekendmaking” ,que confirma sua residência, e o BSNumber, que é uma espécie de RG/CPF com qual se pode abrir conta em bancos. Para tanto é necessário apresentar: a) Passaporte, b) Certidões de Nascimento e Casamento (se for o caso) legalizadas e traduzidas com não mais de seis meses de expedição, c) Contrato de Locação. A localização da Prefeitura de Wageningen é fácil, fica na Rua Markt 22 (aberto das 8h30 às 12h30 – seg. à sex.), em frente à principal Igreja da cidade, e encontrá-la não foi problema. Tínhamos os documentos, menos o contrato de locação inviabilizado pelo imóvel inadequado apresentado no domingo, assim, lançando mão do “jeitinho brasileiro”, utilizamos o recibo do hotel como comprovante, o qual foi aceito como residência temporária. Feito o registro, tive de correr, o tempo era curto, a Petra (contato de imigração) havia agendado para as 12h a apresentação do “Bericht van bekendmaking” para fins de submissão à “Permissão de Residência”. Ok, vamos por partes, na Holanda é preciso destes três documentos: 1) Bericht van bekendmaking (entregue na hora), 2) BSNumber (enviado para o endereço em até 5 dias), e 3) Permissão de Residência (enviado para o endereço em até 3 semanas).

Para não correr o risco de me atrasar, faltando 15 minutos para o meio dia já estava na sala de espera da Petra, e ela foi pontual, recebeu-me no horário combinado e passou-me todas as instruções básicas sobre a universidade e a Holanda em geral, porém ainda seriam necessários alguns outros passos para a efetivação instalação na Holanda. Para o envio do formulário de “Residence Permit” é necessária uma foto 3,5X4,5 (tipo passaporte) tirada na Holanda, ou seja, não adianta trazer do Brasil. Outro detalhe importante é o exame TBC para verificar se o novo residente tem ou não turberculose, exame este realizado no Hospital de Ede (nosso exame ficou marcado para 30/06). Vale alertar que não há com que se preocupar, mesmo na hipótese de constatação da doença, o estrangeiro não será mandado de volta ao país de origem, mas terá de submeter-se ao tratamento. Aproveitando o tema “saúde”, na Holanda exercer-se de fato o sistema “saúde da família”, algo que o Brasil vem tentando aplicar com o PSF (Programa da Saúde da Família), desta forma, uma das informações apresentada pela Petra refere-se a entrega de um formulário ao médico de referencia na comunidade, ao qual se deve reportar sempre em caso de auxílio médico e somente ele pode te indicar a um especialista ou tratamento. Somos orientados a ligar para o número 112 somente em caso de emergência e ainda assim o médico de referência ficará sabendo e dará toda assistência.

Organizar a documentação e atender o que eles pedem dá um certo trabalho, mas não é o principal problema em Wageningen, na verdade o mais complicado mesmo é encontrar moradia, especialmente para casais (couples) e eu não pretendia passar da terça-feira tendo de pagar mais uma diária de hotel.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Chegando em Wageningen

A viagem para a Holanda foi super tranqüila, feita via KLM – Royal Dutch Airlines, em voo direto para Amsterdan, algo em torno de 10 horas de viagem.  Chegando no aeroporto (eram 12h15) de Amsterdam seguimos as setas para encontrar a malas (baggage), porém antes de entrar nesta área passamos pela imigração deles, mas foi rápido, só olharam o passaporte e carimbaram pois já tínhamos o selo de visto para os próximos seis meses. Caminhamos um pouco pois nossas bagagens estavam na esteira 18, mas enfim lá estavam elas, bastava então comprar uma passagem de trem para a Estação Ede-Wageningen. Há várias máquinas eletrônicas para se comprar os tickets ainda dentro da área internacional, porém só para clientes ‘Mastercard’, como sou da turma ‘Visa’, comprei mesmo na bilheteria que fica logo na saída do desembarque à esquerda. Com os tickets na mão (14€ cada), descemos até a estação pois em meia hora tínhamos de embarcar (atenção: na Holanda tudo sai no horário certo, se estiver marcado para 12h01 é 12h01 e pronto, ok?), pegamos o trem às 13h26 por volta das 14h15 já estávamos na Estação de Ede, onde há duas opções para chegar a Wageningen, ou de ônibus (1,60) ou de taxi (em torno de 25) . Pelo conjunto da obra (cansaço, malas e ansiedade) pegamos um táxi  com uma taxista não nativa (simpática que nem uma porta) e enfim chegamos ao endereço conforme contato para locação de um quarto. Para nossa decepção, não era exatamente o prevíamos, e pior, sem mobília e não estava pronto para nos receber, resultado, desistimos do negócio e fomos a um dos hotéis constante em nossa lista de opções. A nossa taxista, simpática como sempre, mal esperou que descêssemos e sumiu no mapa, fato que nos custou caro, pois este primeiro hotel estava fechado (não abria aos sábados e domingos?!). A situação era esta, estávamos em frente um hotel fechado em um canto qualquer de Wageningen, em pleno domingo, com um monte de malas, e quase ninguém na rua para pedir informações. Como a situação era extrema, deixei minha esposa cuidando das malas e sai à caça de opções, uma luz, alguém, qualquer lugar (mal sabia eu que estávamos a 500m do centro), foi ai que resolvi entrar em um prédio movimentado, que parecia um hotel, mas na verdade era um asilo para idosos "mentally illness” como disse o recepcionista (Walter). E foram eles que nos ajudaram a chamar um novo táxi, um grupo de idosos e um recepcionista que era o interlocutor do grupo. O novo taxista era tranquilo, universitário e sincero (não necessariamente na mesma ordem), perguntou se realmente queríamos pagar para levar-nos ao hotel, dado estávamos a uns 750 metros dele. Pagamos (7,80), lógico, valeu a corrida só para não ter de carregar toda a bagagem (obs: sempre é bom lembrar, quanto menos malas, melhor, é vivendo que se aprende...)
O hotel era excelente, com uma vista perfeita e com tudo mais que se pode esperar de uma diária abusiva de 100, mas enfim tínhamos uma cama aquecida e um café da manhã incluído no preço. Tranqüilos, até saímos para conhecer a cidade e tirar algumas fotos, como esta, tirada por um colega uruguaio (Gabriel),  que tínhamos acabado de conhecer.


Enfim, era hora de dormir, a segunda-feira seria de agenda cheia, com imóvel para alugar e dinheiro curto...


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Da documentação à viagem

A regra para se candidatar a um estágio no exterior é simples, “atenda sempre ao edital”, ou seja, não adianta inventar, envie à instituição concedente o que foi solicitado no edital, atendendo todos os requisitos, e para isto vale sempre a lei da organização e do planejamento. No caso da CAPES aqui você pode ter uma idéia do que é preciso http://bit.ly/iQQgru, este era meu check list (consultar edital):

(X) Formulário de Inscrição para Bolsa de Doutorado Sanduíche no Exterior;
(X) Projeto de Tese a ser elaborado;
(X) Curriculum Vitae (modelo Lattes);

(X) Histórico Escolar da graduação;
(X) Histórico da Pós-Graduação, incluindo do doutorado em andamento;
(X) Curriculum Vitae do orientador associado;
(X) Curriculum Vitae do orientador no exterior;
(X) Declaração da coordenação do programa de pós-graduação no Brasil, indicando a integralização de 50% dos créditos no doutorado;
(X) Ofício de encaminhamento do coordenador do projeto;
(X) Carta de aceite do coordenador estrangeiro;
(X) Comprovante de proficiência na língua do país onde irá realizar o estágio ou Carta do orientador no Exterior comprovando a aptidão do candidato.


Considero esta a parte mais fácil, o contato com o programa no exterior e os trâmites para obtenção de visto são os que tomarão mais tempo, por isto mesmo é preciso estudar a fundo os requisitos do país onde se pretender estudar. Para a Holanda já vou avisando, são “extremamente” burocráticos, mas eficientes, o sistema deles é demorado, porém funciona, basta que candidato siga a cartilha e atenda o que se pede e que se inicie o processo por meio da universidade, que indicará um contato que será seu guia na obtenção do visto MVV (estudantes). Assim, a própria universidade de Wageningen fará a solicitação ao IND (Ministério da Imigração da Holanda) tão logo sejam enviados os seguintes documentos digitalizados via email (em inglês), lembrando que a própria universidade solicitante paga os valores referentes ao visto (438,00€), os quais deverão ser reembolsados quando da chegado da apresentação na Universidade:

  1. a recently legalised birth certificate, not older than 6 months. IMPORTANT: For this visa to enter the Netherlands (the PRP visa) the embassy will not require the legalised birth certificate. BUT to be registered as a resident of the Netherlands (to be done once after you have arrived in the Netherlands), you must show the original legalised birth certificate (officially translated in English, French, Dutch or German)
  2. complete copy of your passport, all stamped pages
  3. Civil status, are you married or single? If you are married or you live together with a partner I need a marriage certificate or registered partnership legalised
  4. financial support should be sufficient and explained in a letter or copy
  5. letter of invitation from the research group, including information about the period of your stay, activities, research information, financial information, etc
  6. Health- and liability insurance: this will be arranged directly after your arrival in the Netherlands. Or, if you already arranged a worldwide insurance cover in your homeland, this can be used
  7. your accommodation in Wageningen will be arranged by the representatives of the host research group
  8. BSN-number (social identification number), required to arrange financial transactions; this will be given by the Town Hall of the municipality in the Netherlands
  9. bank account in the Netherlands: this will be arranged after your arrival.
  10. a copy of your most recent diploma (level at least MSc) and a copy of the translation in Dutch or English by a sworn translator
  11. your curriculum vitae 
  12. a letter from the university in your homeland, with permission that you will stay for some time in the Netherlands
  13. your complete address in your homeland
  14. the name of the town of the Dutch embassy in your homeland from where you will apply for and collect the visa.

Considero importante seguir etapas, pois os documentos não poderão ter mais de seis meses quando da chegada à Holanda, desta forma, somente inicie o processo de solicitação de 2ª via nos cartórios quando houver solicitação do contato na Universidade. As certidões de nascimento e casamento (se houver) devem ser legalizadas inicialmente no MRE, logo após também na Embaixada ou em um Consulado do Reino dos Países Baixos (denominação oficial da Holanda). O próximo passo é encontrar um tradutor juramentado e reconhecido, o próprio site da Embaixada holandesa indica alguns nomes, ou seja, a tradução não será barata pois são poucos, mas no meu caso consegui um bom preço com o tradutor João Carlos Pijnappel http://vertaler.com.br/ que em 3 dias úteis traduziu as certidões e o diploma. Feito isto é só enviar tudo digitalizado, mas atenção com o tamanho das figuras na digitalização do passaporte, utilize o “Microsoft Office Picture Manager”, ele adequará o tamanho das figuras à web.
Enviados os documentos é só esperar, e muito, não adiantar mandar constantes emails para o contato requisitando informações sobre o visto, apenas aguarde, e isto pode demorar até 90 dias, para mim demorou 70 dias para chegar o tão esperado email de aprovação do visto pelo IND. Isto significa que o estudante já pode ir até a Embaixada ou Consulado (sugiro a Embaixada, é muito mais rápido) e solicitar o visto no passaporte (eles já saberão do que se trata) e em 24 horas você poderá pegar seu passaporte com o visto MVV tipo “D”, múltiplas entradas e saídas do país (não se esqueça de pedir isto). Com o selo no passaporte basta enviar uma cópia via email à CAPES e a passagem já poderá ser comprada e os valores do auxílio instalação e seguro saúde depositados em conta corrente ainda no Brasil. Para o seguro viagem sugiro contratação de uma agência na Holanda, o próprio contato da universidade poderá arranjar isto, normalmente é 50% mais barato que no Brasil, o meu seguro é o AON http://www.aon.com/ , completo, barato e eficiente.

Enfim, para se ter uma idéia de datas e prazos, lembrando que cada caso é um caso, protocolei a solicitação com toda documentação exigida pela CAPES em 17/12/2010 na Secretaria do Programa de Pós-Graduação e embarcaria em 28/05/2011 para Amsterdan, ou seja 5 meses até a efetiva viagem, mas especificamente para mim houve o atraso na publicação da minha renovação de licença para estudo (necessário para funcionários públicos), e este foi o entrave pois a publicação ocorreu somente em  17/03/2011, embora tenha dado entrada da solicitação em dezembro. Mas finalmente deu certo, a viajem estava marcada, o auxílio instalação (770,00€) e o valor referente ao seguro (490,00€) depositados em conta no Brasil, bastava embarcar, mas alerto, leve bem mais dinheiro, garanto, você vai precisar.