quinta-feira, 15 de março de 2012

Estudando o Mundo: Um imenso programa de bolsas poderá impulsionar o crescimento econômico do Brasil

Foto: AFP
Fonte: The Economist

Vender as proezas tecnológicas e o crescente mercado de TI de seu país foi a agenda de negócios de Dilma Roussef na grande feira de Hannover em 5 de março. Mas a presidente do Brasil fez questão de posar para fotos com jovens compatriotas que no mês passado começaram a estudar em universidades alemãs sob seu novo programa governamental de bolsas de estudos, o “Ciência Sem Fronteiras”. 

Até o final de 2015 mais de 100.000 brasileiros, metade deles estudantes de graduação, outra metade estudantes de doutorado, passarão um ano ou mais no exterior nas melhores universidades ao redor do mundo estudando temas como biotecnologia, oceanografia e engenharia de petróleo, os quais o governo considera como essenciais para o futuro da nação. Isto irá custar 3 bilhões de reais (1,65 bilhões dólares), um quarto dos quais virá de empresas e do resto do contribuinte brasileiro. 

O “Ciência Sem Fronteiras” é mais ousada tentativa do Brasil de mover a engrenagem econômica. A tendência da taxa de crescimento do país, de 4 a 4,5%, é ligeiramente inferior à média latino-americana e muito mais lenta do que nos outros países do BRIC. As autoridades esperam que a melhoria da qualidade da força de trabalho poderá fazer uma grande diferença, mas levará algum tempo para surtir efeito. 

Os empregadores reclamam da dificuldade de encontrar pessoal bem qualificado, o desemprego está em um baixo registro, brasileiros com nível superior ganham 3,6 vezes mais do que de os com ensino médio; tais números não são vistos em nenhum país no âmbito da OCDE, o grupo de países mais ricos. Funcionários treinados em disciplinas de ciências e afins são particularmente escassos. Segundo o IPEA, muitos dos 30.000 engenheiros que o Brasil produz a cada ano vêm de instituições medíocres e que, de qualquer maneira, o país precisa de duas vezes esse número. As autoridades esperam que os estudantes voltem com novas idéias captadas no exterior e elevem os padrões nas universidades de origem também. 

Universidades e governos estrangeiros estão “saltitantes” com a chance de ensinar os alunos brasileiros. Os Estados Unidos já se inscreveram para levar 20.000, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Itália terão de 6.000 a 10.000 cada. Os Retardatários já estão lutando para atrair o resto. Os brasileiros vão pagar taxas integrais e os países de acolhimento espiarão o retorno de longo prazo na construção de contatos mutuamente lucrativos, nos negócios, bem como na educação. 

"A escala e a velocidade deste programa são sem precedentes", diz Allan Goodman, do Instituto de Educação Internacional, um grupo sem fins lucrativos que gere o programa para universidades americanas. Ele está organizando colocações de três meses na indústria para todos os seus visitantes brasileiros. A Universidade de Edimburgo espera os seus primeiros alunos bolsistas brasileiros para setembro. Ela já tem ligações com a Petrobras, empresa de petróleo do Brasil controlada pelo Estado, e está abrindo um escritório regional em São Paulo, seu terceiro depois de Pequim e Mumbai, para aproveitar o que ele espera venha a ser um crescente número de alunos. 

Até agora, poucos brasileiros tem estudado no exterior. Os Estados Unidos são o destino mais popular, ainda no ano passado havia apenas cerca de 9.000 brasileiros em seus campi (excluindo estudantes da língua). Os contingentes chineses e indianos juntos chegaram a 260.000. Os brasileiros que têm diplomas estrangeiros tiveram uma influência desproporcional de volta para casa. Na década de 1960 e 1970 o governo pagou por doutores no exterior na exploração de petróleo, pesquisa agrícola e design de aeronaves. O Brasil é hoje líder mundial em todos os três campos.

Tradução: Márcio de Araújo Pereira

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